Os safaris que realizávamos em Angola, especialmente os das "terras do fim do mundo", iam decorrendo tranquilos, sem maiores problemas.
Pitt e eu, um dia pela manhâ pensámos em mudar-nos de acampamento e ir até ao Dirico, quase na foz do Rio Cuito com o Okavango (Cubango), para ver ir caçar nos pântanos formados na clonfluência dos dois rios, que naquele lugar sâo imensos.
Nos faltava para conseguir os trofeus que nos tínhamos proposto: um elefante, um red lechwee e uma sitatunga.
(estas escadas levavam-nos até ao "rondável" que tinha sido construido para casa de jantar e bar).
Empacotámos e lá fomos até ao meu acampamento favorito. ( se houve algum acampamento que realmente me doeu abandonar em África, este foi um deles onde eu pus um interesse especial ao construi-lo. Dos restantes acampamentos que construi para os safaris , os mais bonitos eram os da Mazamba em Moçambique (Cheringoma), e outro no Catulene, tamebem em Manica e Sofala; este parecia uma aldeia indígena de longe e estava todo feito de pau ferro. O outro que mais gostei, foi um que construí na margem do Rio Nilo, em Aliab, província de Equatória, no Sudâo.
Deste acampamento, o da foto, saia uma picada, feita por nós, que ia até a um lugar que os locais chamam "Chimbaranda", que segundo eles quer dizer "lugar sem água" (seco). Esse lugar, era refúgio de grandes elefantes, e quando íamos caçar a esse lugar, geralmente encontrávamos algum rinoceronte preto. Segundo os entendidos, o Mucusso tinha a maior concentraçâo de rinocerontes negros conhecida, em África, naqueles tempos claro, agora já nâo há.
Para lá iríamos a ver se conseguíamos algum elefante.
Por aquele lugar, a Chimbaranda, deambulava um pequeno grupo de bosquimanos, "bushmen", que eram familiares do meu guia Mucungo e o outro ajudante Gano. Sempre que chegávamos a sesse lugar, nâo tardava nada que eles aparecessem todos a comprimentar-nos e eram os que nos indicavam onde havia , ou estavam os elefantes, ou o que andássemos procurando na ocasiâo.
Desse lugar saia uma picada, que eu tinha mandado abrir no primeiro ano, que caçámos no Mucusso, que atravessava uma imensa "floresta" de árvores e arbustos espinhosos, que era o lugar favorito de elefantes e rinocerontes. Aí às vezes apanhávamos algum susto, quando íamos nas pégadas de algum elefante, e nos saia um cego e grande brutamontes de um rinoceronte, que algumas vezes nos fez correr para nâo ter que matá-lo.
Para conseguir abrir a picada que me referi atrás, demorámos mais de 20 dias com uma equipe de homens, pois a floresta de espinhos é imensamente grande. Finalmente se conseguiu abrir.
Pitt e eu, depois de instalados no acampamento, fomos dar uma volta para caçar alguma coisa para a cozinha e para o pessoal, que geralmente era algum dos animais que mais abundavam naquelas paragens: um sassabi, ou um "hartbeest", este muito parecido às nossas gondongas de Moçambique.
Nâo tardámos muito a encontrar uma manada de sassabis, a pastar tranquilamente numa clareira da floresta; com cuidado para escolher o macho, pois estes animais ambos sexos têm cornos e sâo difíceis de distinguir, mostrei a Pitt a qual deveria atirar, e como sempre, o meu amigo, apontou, disparou e o animal correu uns 30 metros para cair morto, dando uma cambalhota, devido à inercia que levava. Tinha-o atingido com um perfeito tiro de coraçâo.
No dia seguinte dirigimo-nos à Chimbaranda, e mal chegámos à àrea, encontrámos imediatamente pegádas de dois elefantes machos e começámos a segui-los; primeiro com o Toyota, depois quando vimos que o rasto estava já muito fresco, e continuámos a pé até dar com os animais. Vimo-los numa floresta aberta; estavam tranquilos. Calculei que as pontas andariam entre os 27 e 30 kilos cada uma, mas os dois tinham uma ponta que estava quebrada, por mais da metade. Com o tempo já se lhes estavam a afiar outra vez. Perguntei a Pitt se queria algum deles, e como ele me disse que sim, escolhemos o melhor.
Aqui Pitt hvaia trocado a sua 270 R.M. por uma 458 Winchester. Eu como sempre como arma de protecçâo levava o meu "canhâo" de dois canos, uma 475 #2, Francotte, feita na Belgica, que tinha conseguido havia uns anos. Perguntei a Pitt se queria que o ajudasse , depois de ele ter atirado, em caso de que o elefante nâo caísse com o seu tiro? Disse-me que sim que ele atiraria e que depois se nâo caísse, para assegurar-lo e nâo meter-nos em "problemas", que eu atirásse tambem.
O vento estava perfeito, soprando-nos na cara e os elefantes assim nâo nos podiam olfatear. Aproximámo-nos com cautela, sempre dependentes duma meia que Fombe levava cheia de cinza para ver para onde ia o vento, a qual ia abanando de vez em quando, até que estávamos a uns 30 metros do elefante; fiz-lhe sinal que era o momento e vi a Pitt levantar a 458, apontar , repirar fundo e disparar. O animal acusou o tiro e vi como corria. Para assegurá-lo, disparei-lhe um tiro à altura dos pulmôes. Uma 475 #2 tem um impacto fantástico e ao ser atingido, vi que se dobrou um pouco sem deixar de correr, acompanhado do seu companheiro o outro elefante que desapareceu rapidamente. Nós corremo um pouco e vimos o elefante cair uns metros mais adeante.
Com o elefante no châo, pedi a Pitt que lhe disparara um tiro no alto da cabeça, para assim terminar o sofrimento do animal. Tinha sido um bom dia de caça, agora era descansar debaixo de uma árvore, tomar um refresco e comer alguma coisa, nquanto o nosso pessoal lhe extraia as pontas, trabalho que demoraria umas três horas. Dormimos uma boa sesta debaixo de uma árvore depois de comermos uns sandwishes que levávamos conosco; chegámos ao acampamento, onde nos esperava um bom banho quente e, um muito bom wiskey, bem merecido.
Isto sim era África, nâo a África das cidades, que já se confundiam com as cidades europeias. Aí era uma vida sâ, uma vida como poucas..., depois de um dia cansado, uma pessoa sentava-se ao bom fogo, numa boa cadeira de lona, uns aperitivos que o "coock" preparava divinamente e, nâo podia faltar o melhor dos wiskeys, para brindar com o companheiro ou companheira de turno, contemplado as estrelas, ouvindo o ruido da selva e do Rio Cuito-Okavango que corriam a nossos pés.
Victor "Hunter"