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General : RETALHOS DAS MINHAS MEMMÓRIAS (14) Fim dos safaris em Angola
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From: MSN Nicknamehunter-1943  (Original Message)Sent: 9/1/2006 6:12 AM

RETALHOS DAS MINHAS MEMÓRIAS  (14)

Este safari do meu amigo Pitt foi um dos muitos que guiei em terras angolanas. Ao escolher este, foi talvez, porque tinha umas fotografias que estavam em melhor estado, depois de tantos anos as ter guardadas em uns velhos albuns que estavam em casa da minha mâe,

Para dar caça às sitatungas, eu tinha mandado construir, nas poucas árvores grandes que rodeavam o pântano, algumas plataformas de madeira, aonde nos subíamos demanhâ muito cedo e tambem pelas tardes esperando que saisse alguma sitatunga de dentro das plantas aquáticas que formavam tufos de vegetaçâo e, onde elas se escondiam durante o dia.

Passei várias horas com Pitt, trepado naqueles “machans”, sentados em umas boas cadeiras de lona, para que nâo se tornasse cansada a espera e nada... somente víamos pequenas e algumas fêmeas.

Levava um livro para estar entretido, mas por muito que mudássemos de lugar, a tal sitatunga nunca saiu e entâo decidimos que, nâo íamos estragar o safari por causa de uma danada sitatunga que nâo aparecia.

Resolvemos dedicar-nos a caçar um red lechwe, para completar a nossa colecçâo de trofeus.

Pois bem, um dia fomos caminhando pela margem do Rio Cuito, e vimos ao longe uma pequena manada de Red Lechwees. Com os binóculos vi que havia um macho muito decente, e entâo disse-lhe a Pitt que nos teríamos que molhar as botas e as pernas, para poder chegar a uma distância decente para que ele pudésse estar a uma distância razoável, para disparar. Como ele esteve de acordo, aí fomos caminhando com água até quase aos joelhos. Caminhámos devagar  porque havia muita vegetaçâo caída dentro de água, e tentando ter sempre o ar que soprasse nas nossas caras, aproveitando cada mancha de vegetaçâo para passar despercebidos.

 

Conseguimos chegar até a uns 150 metros dos animais, e dei o meu ombro a Pitt para que apoiasse e fizesse um tiro com calma. Os animais estavam  mais ou menos alerta mas nâo correram.

Pitt com calma, apontou e disparou. Ouviu-se o “tamboraço” de que o animal tinha sido atingido, e vi o lechwee correr e cair a menos de 20 metros.

Tínhamos terminado o safari com aquele animal, ainda que, fomos os dois dias restantes ver se ainda conseguíamos a sitatunga que nunca apareceu.

Chegámos ao final de uma história de um safari, como muitos dos que guiei em África, durante quase 30 anos de caçadas.

É facil dizer, mas se se pensa que eu durante tantos anos passava uma média de 180 dias no mato, dedicando-me ao que mais me gostava, posso dizer que vi, aprendi, estudei e gravei na minha memória tantos e tantos lances de caçadas que necessitaria uns milhares de paginas para poder descrever tudo o que vi. Tenho a sorte que Deus me deu uma boa memória, e penso continuar a escrever as minhas “histórias” daquelas terras africanas, que nâo sâo as mesmas que eu deixei, quando as abandonei.

No seguinte safari que guiei em Angola, foi com o meu cliente e amigo Chet Coumes de Houston. Chet faleceu em 1992. Eu às vezes visitava-o na sua fábrica de “Ice-Cream and Food Flavours” e sentávamo-nos a recordar aqueles bons tempos que passámos juntos em África. Era um velhinho fantástico, sempre com um sorriso

nos lábios.

Nunca teve filhos e quando morreu, deixou os seus trofeus à casa dos Boys Scouts de Houston onde estâo em exibiçâo, deixou a fábrica a um rapaz que sempre foi o seu braço direito,  e a mim, deixou-me a sua espingarda Winchester modelo 70 que ainda conservo com um carinho especial. Pus aqui um foto de Chet, como homenagem aquele amigo que já se foi e, contar-lhes o susto que tivémos no final do safari, quando íamos do Mucusso para Sá da Bandeira.

Quando terminámos o safari, terminaram tambem varios clientes e por isso veio de Sá da Bandeira o velho Dove D’Havilland, que levava 12 passageiros e lá levantámos vôo. Eu sentei-me no assento do co-piloto e lá íamos em direcçâo a Serpa Pinto, onde aterraríamos; depois Sá da Bandeira. Eu ia bastante cansado e encostei a cabeça para trás e fechei os olhos tentando dormir um pouco. Tínhamos já no ar quase uma hora de vôo, quando ouvi um estrondo que parecia um tiro, e saltei no assento e vi que o motor direito ai em chamas. Os Dove têm um extintor que precisamente tirando de uma argola que estava debaixo do assento, apagaria o fogo.

 

E assim foi, o fogo extinguiu-se, agora íamos somente com um motor, carregados, e a 12.000 pés de altitude. Tínhamos ainda 45 minutos de vôo para poder chegar a Serpa Pinto. Eu comecei a ver que o marcador da temperatua do motor que nos  tinha ficado, estava a subir lentamente.  Aqui somente havia que pedir a Deus que o velho aviâo aguentasse. Com esta angústia eu disse aos nossos caçadores clientes que estávamos quase que nâo se preocupassem que chegaríamos bem.

Vimos ao longe Serpa Pinto e naquele percurso já tínhamos perdido mais de 5.000 de altitude. Conseguimos chegar e aterrámos na pista de Serpa Pinto.

Uff... que calor senti e que alívio quando as rodas tocaram no châo.

Chet saiu e sacou uma foto que me deu uma copia que ainda hoje conservo e que ponho aqui. O que passou é que duas cabeças do motor, rebentaram.

Podia-se ver como aconteceu, mas Chet morreu sempre com a “certeza” que tinham sido as guerrilhas que nos tinham atinguido com um projectil.

Agora já deve saber....

Cada dia que passava, viamos com uma enorme tristeza  a chegada do dia que teríamos que abandonar aquelas terras tâo cheias de vida,... porque as notícias que tínhamos cada dia eram piores.

O Noel e o Amilcar, tinham já enviado às esposas para Portugal, pela pouca segurança que havia na cidade de Sá da Bandeira.

Eu falei com o meu pai que estava no Lobito, por rádio, e disse-me que as coisas estavam a começar a estar mal. O FNLA, contra a MPLA e a Unita, nâo se entendiam e lutavam para ver quem ficava com mais control de territórios.

 Nós no mês de Agosto, mandámos telexes a todos os nossos agentes a cancelar o resto dos safaris, porque nâo queríamos que algum dos clientes sofresse algum accidente e entâo sim que estaríamos queimados para sempre, se é que queríamos continuar a viver dos safaris. Naquela altura o Adelino Serras Pires já fazia parte da nossa equipe. Entâo tivémos uma reuniâo e decidimos abandonar Angola, porque nâo oferecia condiçôes para continuar.

Tínhamos um problema, em Sá da Bandeira tinhamos, aparte das nossas casas, 4 jeeps e o mais importante eram os trofeus dos clientes todos, que  estavam no armazem para ser enviados aos seus destinos. Já nâo havia quase vôos e havia lutas em Sá da Bandeira entre a MPLA e a FNLA. Alguem tinha que ir por eles, porque o resto do equipamento, viaturas e tendas de campanha etc etc, estavam conosco. Somente tínhamos que passar para o outro lado da Namibia, naquele tempo Sudoeste Africano, e ir até ao Rundo que ficava a trinta kilómetros do nosso acampamento.

Amilcar e eu falámos para ver quem iria. Atirámos uma moeda ao ar, e tocou-me a mim ir.

Fui no último aviâo que veio ao Mucusso levar os últimos clientes.

A minha saida de Angola, com os jeeps e com os trofeus, daria para uma nova historia e bastante grande. Pois estivemos presos umas horas por a MPLA e como nâo deixavam que ninguem passasse pela estrada que nos levaria à Namibia, tivemos que  fugir pelo deserto e atravessar o Cunene em um lugar que ninguem tinha feito antes, para reunir-me com os meus companheiros em Windhoeck três semanas depois.

Mas isso é outra história.

Victor “Hunter”



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Recommend  Message 2 of 5 in Discussion 
From: MSN NicknameIsabel-FSent: 9/1/2006 10:37 AM
Oi Victor ...
 
São fantásticos estes teus testemunhos...
 
Ainda não actualizei este link ...
mais logo o farei.
 
Bom fim de semana
Beijos
Isabel
 
 

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Recommend  Message 3 of 5 in Discussion 
From: MSN NicknameAUGUSTOOLIVEIRA3Sent: 9/1/2006 11:55 AM
Victor
 
Já que adoçaste a boca ao pessoal, venha lá a "outra história".
 
 
Abraços
 
Augusto

Reply
Recommend  Message 4 of 5 in Discussion 
From: MSN NicknameCipri17Sent: 9/2/2006 10:21 PM
Olá  Hunter:
 
Tenho um cunhado que nasceu no Lobito e despertou agora para estas coisas dos Grupos. Importas-te de postar ou mandar-me para yuri_germano@hotmail.com alguns links, acaso tenhas,  sobre Luanda e sobre musica angolana.
Um abraço para ti e todos os amigos do MGM com desejos de bom fim de semana.
Cipri
 

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Recommend  Message 5 of 5 in Discussion 
From: MSN Nicknamehunter-1943Sent: 9/4/2006 11:44 PM
Cipri:
Já lhe respondi para o email que me deu. Espero que tenha sido de ajuda.
 Victor "Hunter"

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