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General : CARTAS DA BEIRA DO INDICO (3) 1ª PARTE
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From: Marrabenta  (Original Message)Sent: 12/7/2004 8:15 PM

Cartas da Beira do Índico

(parte IIIa)

Celestino Gonçalves

 

O INICIO DA ÉPOCA BALNEAR

parte I

 

O mês de Novembro trouxe já o calor e a humidade próprios do Verão africano, que nesta parte oriental do continente acontece quando a Europa está em pleno Inverno. As temperaturas ultrapassam já os 30 graus, com mais de 90 por cento no que respeita à humidade. Faltam só as chuvas para complementar o clima tropical desta estação e que são sempre bem vindas, quando moderadas, sobretudo pelos agricultores.

Com esta repentina mudança de temperaturas as pessoas começaram já a afluir às praias, ciosas da frescura da beira mar e dos banhos nas águas tépidas do Indico.

A população de Maputo de menores posses dá preferência à Costa do Sol e aos fins de semana enche literalmente todos os espaços vazios do extenso areal a partir do Bairro do Triunfo. No último domingo verificou-se ali uma afluência fora do vulgar, com a marginal a abarrotar de carros (ligeiros e pesados) super lotados de gente que cantava e dançava alegremente, exibindo cartazes, bandeiras e fotografias em apoio à campanha eleitoral do candidato à presidência da República, Armando Guebuza, que está em curso e cujo acto terá lugar nos dias 1 e 2 de Dezembro próximo.

Os citadinos das camadas mais abastadas também começaram a passar os fins de semana nas praias mais afastadas, onde muitos possuem casa, nomeadamente na Ponta do Ouro, Bilene, Xai-Xai e Tofo, ou mesmo nos diversos Resores e Lodges instalados ao longo da costa, como seja na Ilhas da Inhaca e do arquipélago do Bazaruto, nas praias de Macaneta, Chongoene, Chidenguele, Závora, Jangamo, Guinjata, Baia dos Cocos, Barra, Murrungula, Pomene, Vilanculos, Inhassoro e outros recantos paradisíacos do Sul do País.

Embalada nesta onda de entusiasmo de início da época balnear, também a família programou uns dias na praia de Xai-Xai, aquela que em tempos fora rotulada de rainha das praias de Moçambique e que ainda não perdeu este estatuto. Esta estadia, aliás, sucedeu e repetir-se-á porque a filha tem ali casa alugada devido à sua actual situação profissional com actividade na cidade de Xai-Xai, sede da província de Gaza.

Sem esconder o meu fraco pela praia do Tofo (aquela onde as areias chiam), mais a norte na província de Inhambane, não deixo de me render às belezas da praia do Xai-Xai e às suas extraordinárias condições de segurança, sobretudo para as crianças que ali podem banhar-se em águas baixas, límpidas e calmas, seja qual for o nível das marés. Isto porque uma barreira de rocha coralífera separa as águas revoltas do oceano e amortece as ondas, formando caprichosos lagos que se espraiam ao longo das areias brancas.

Por outro lado, conservo desta praia recordações agradáveis, como foi a lua de mel ali passada no já longínquo ano de 1956 (!!!), altura em que nos instalamos naquele que foi um belíssimo Hotel - o Xai-Xai -, agora um esqueleto de paredes em ruínas. Não obstante este aspecto negativo, os oito maravilhosos dias agora ali passados lembraram esse passado pelo muito de igual e agradável que se continua a desfrutar neste local de eleição: a boa lagosta, as ostras e o peixe sempre frescos, de sabores genuínos e puros que diariamente os pescadores nos vendem à porta de casa, são um privilégio dos deuses que simples mortais como nós, habituados nos últimos quinze anos a comer peixe congelado de sabor a palha, conseguem aqui degustar em quantidades apreciáveis e a preços baixos (lagosta a 80.000 meticais o Kg – cerca de 3,50 €) !

Para além das muitas horas de descontracção passadas na água, nos passeios pelas areias macias e sob o guarda-sol, lendo ou simplesmente meditando, esta estadia proporcionou-me ainda alguns momentos emotivos na pesca à cana, que sempre pratico quando me encontro nestas paragens e que teve o seu ponto alto com uma garoupa de cerca de dois quilos, fisgada no célebre fundão das rochas da praia Velha.

À parte os dois mamarrachos dos esqueletos do referido Hotel Xai-Xai e do edifício da ex-colónia de férias da Mocidade Portuguesa, que são as duas manchas negras a sujar esta bela praia e nos trazem a má recordação dos anos de guerra que conduziram ao estado degradante destas duas importantes construções, as restantes casas foram mantidas e até melhoradas e muitas outras construídas de novo, fazendo desta estância um excelente local não só para veraneio como de residência permanente de muitos funcionários do Estado e de Empresas com sede na capital – cidade de Xai-Xai. Residem aqui, também, alguns representantes e técnicos de organizações estrangeiras que cooperam no desenvolvimento do distrito de Gaza, incluindo-se nestas a Cooperação Portuguesa que participa activamente na área da saúde rural.

Os turistas encontram nesta praia razoáveis condições de instalação, como seja um Hotel - o Haley - e um Parque da Campismo municipal (recém melhorado), assim como alguns restaurantes e esplanadas viradas ao mar. Há também alguns serviços públicos, como correios, telefones, polícia, escola primária, posto de saúde e serviços municipalizados de água e luz. As redes de telemóveis (duas) têm cobertura garantida, aliás uma melhoria recente que abrange também as principais cidades, vilas e praias do país.

A viagem de Maputo para o Xai-Xai (cidade), de 225 Kms, mais 15 Kms até à praia, faz-se em pouco mais de três horas. A estrada está em boas condições, à excepção do percurso de 50 Kms entre a localidade da Macia e a povoação de Chicumbane. Contudo, estão em curso obras de restauro e alargamento de todo o trajecto, bem visíveis já em alguns troços, nomeadamente ao longo dos 9 Kms do vale do rio Limpopo, entre Chicumbane e a ponte deste rio junto da cidade, onde foi concluída recentemente uma grande obra de hidráulica na sequência dos elevados danos ali causados pelas grandes cheias de Fevereiro do ano 2000. O excelente piso deste percurso, construído sobre um aterro com cerca de três metros de altura e dotado de 14 pontes, é considerado pelos responsáveis do projecto como a solução definitiva para o trânsito rodoviário neste ponto crucial do país, que era sempre interrompido pelas cheias cíclicas provocadas pelas enxurradas daquele grande rio.

As viagens pelo interior de Moçambique, mesmo nas regiões de menor interesse paisagístico, são sempre agradáveis mesmo para quem, como nós, conhece o país de lés a lés. Há sempre motivos de interesse, que observados numa óptica ambientalista, consolam a vista. Neste trajecto Maputo/Xai-Xai, pese embora alguma degradação verificada nas matas que nos últimos trinta anos foram objecto de abates indiscriminados por parte dos vendedores de lenha e carvão, existem muitos aspectos positivos e paisagens que nos mantêm sempre atentos ao longo de toda a viagem. Percorridos os primeiros trinta quilómetros, em que a preocupação de quem guia é libertar-se o mais rápido possível do enorme trânsito que entra e sai da cidade, surge a vila de Marracuene (terra onde vivi e casei) e logo nos regalamos com a paisagem que nos fica à direita, onde o rio Incomati serpenteia num vale de acentuado colorido predominantemente verde e um fundo com as dunas da Macaneta num recorte de tons mais escuros, intercalados por clareiras brancas das areias da praia e o oceano ao fundo exibindo o seu imaculado azul marinho. Este belo espectáculo completa-se com um céu límpido a fundir-se no horizonte numa simbiose de tons onde o azul celeste bem combina com o mar e a planície.

Maputo, 15 de Novembro de 2004

Celestino (Marrabenta)



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